A limitação das ciências exatas ou a falta de limites das ciências humanas, ou simplesmente Karoline.
Um litro de óleo contamina um milhão de litros de água, de forma análoga mas inversa um mínimo de umidade pode tornar um produto químico fora de especificação. A soma de 1 + 1=2, nas ciências exatas tudo tem uma resposta estabelecida, uma explicação inquestionável, e, retirando raríssimas exceções, definitiva e imutável, o que torna este ramo (que nem por isso deixa de ser muito importante e indispensável) limitado, finito.
Nas ciências humanas não conseguimos tantas certezas absolutas, se três pessoas diferentes presenciarem determinada situação, provavelmente cada uma terá uma interpretação própria e diferente. Existem diversas técnicas, trocentas teorias de relações humanas, relacionamento interpessoal, atitudes que devem se ter para se alcançar determinado objetivo, mas mesmo fazendo tudo que se manda ao pé da letra o objetivo não chega, e ninguém sabe explicar o porquê. Existem infinitas possibilidades, tornando a amplitude das ciências humanas imensurável.
Toda essa limitada explicação da minha visão das ciências foi com o objetivo de dar um exemplo de algo que não tem a menor lógica ou explicação, principalmente para o meu cérebro acostumado a simplicidade do resultado de uma equação, que é aquele e só aquele.
Quantas vezes na vida encontramos pessoas que gostamos de graça ou que simplesmente odiamos a primeira vista? Isso é curioso, mas essas pessoas que passam pela nossa vida estão com uma relação dependente da sua atitude, uma briga pode acabar a amizade ou uma boa ação pode fazer se mudar uma opinião sobre alguém, e, além disso, são muitas pessoas, deixa de ser tão interessante. Espetacular é a falta de explicação das pessoas que gostamos de forma incondicional, essas são muito poucas e eu poderia escrever um texto para cada uma delas, mas esse texto é de Karoline.
Quando Karoline nasceu eu já era um pré-adolescente, aquele nascimento não só fazia com que eu não fosse mais um filho único, mas me transformava numa espécie de guardião da minha irmãzinha tão pequena e desprotegida, além de existir agora outro ser que dividia minha realidade na plenitude.
Karoline foi crescendo e como bom guardião muitas vezes tive que ser duro, rígido, mas não por satisfação pessoal e sim para prepara – lá para a vida. Chegou a adolescência, os conflitos, as dúvidas, todos os transtornos normais passaram pela vida dela, e eu sempre estive lá, mas nem sempre para consolar, porque quem cai tem que aprender a levantar sozinho, quem sofre amadurece com o aprendizado, minha vigília era constante, mesmo que muitas vezes ela não tenha entendido minhas intenções.
Minha irmã se tornou uma mulher, inteligente, equilibrada e que está construindo sua vida, mas para mim continua sendo aquele pedaço de gente com o rosto redondo e a bochecha grande, e eu continuarei sempre sendo o guardião, porque pode-se usar processos químicos para purificar aquela água contaminada com o óleo, ou ainda pode-se retirar a umidade do produto químico e o tornar dentro do especificado, mas nada pode mudar meu amor por Karoline, não existe ação, desgosto, ou qualquer formula que altere este sentimento.
Não existe nada mais humano que o amor incondicional, ele pode ser de várias formas, não tem explicação lógica, e é absolutamente intenso e infinito.